quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

I feel like a broken piece
among the perfect ones...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Odara

Fiz essa canção em coma de amor.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

"Livre"

Eu sinto uma liberdade que não vem. Incompleta, tolhida, culpada, incerta e desmerecida. É indesejada, diferente do que eu esperava. Uma liberdade que não pode ser gozada por completo, não pode ser tratada como tal. Pra ser assim prefiro de novo as amarras da zona do conforto que eu fui desfrutando pouco  a pouco, sem presa e ansiedade, sem culpa nem vaidade. Essa liberdade não me convém.

domingo, 18 de novembro de 2012

Ouça-me bem, amor.


Preste atenção, o mundo é um moinho.Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos.Vai reduzir as ilusões a pó. Preste atenção, querida...De cada amor tu herdarás só o cinismo,quando notares estás à beira do abismo. Abismo que cavaste com os teus pés.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Eu queria ser dois lados, duas cabeças, duas pessoas. Saber até que nível chegam as segundas intensões de uma simples conversa.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Mensagens


"Não é só a inércia a responsável pelo fato das relações humanas se repetirem caso após caso indescritivelmente monótonas e viciadas. É a inibição frente a qualquer experiência nova e imprevista com a qual não nos achamos capazes de lidar. Mas só alguém que esteja corajosamente disposto a qualquer coisa, que não exclua nada, nem mesmo o mais enigmático, viverá a relação com o outro como uma experiência viva."
Rainer M. Rilke - Cartas a um jovem poeta.

"Você está errado se acha que a alegria emana somente ou principalmente das relações humanas. Deus a distribuiu em toda a nossa volta. Está em tudo e em qualquer coisa que possamos experimentar. Só temos que ter a coragem de dar as costas para nosso estilo de vida habitual e nos comprometer com um modo de viver não convencional."

Chris McCandless - Na natureza selvagem.

Alguns livros simplesmente aparecem na minha vida. São como mensagens enviadas de alguém que eu não sei explicar onde está, mas de alguma forma tem me observado e arrumado um jeito de enviar esses pedaços de almas dos grandes autores. Eu não sei de onde vem, nem como chegam até mim, mas eu recebo de bom grado cada frase que encaixa nesse projeto de ser que eu venho tentando construir dentro de mim.

A insustentável leveza do ser.


domingo, 30 de setembro de 2012

Tem dias que o espelho não te reflete e mudar parece a melhor ou a única saída.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Planos, planos, planos. As vezes eu fico mais feliz fazendo-os do que os vendo acontecer. Isso não deve estar certo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Escambo

-Eu precisava mesmo era do real, do concreto. Daquilo que você enxerga claro e sem rodeios. Os devaneios e delírios de moça romântica já não encaixam mais nas contas que agora chegam pelo correio. Um dia a vida tinha que me fazer assim. É difícil montar planilhas de análise de risco durante o dia e colocar a cabeça no travesseiro sonhando com planos impossíveis. Você é isso. O resultado dos meus cálculos. Uma apresentação do retorno sobre os meus investimentos. Por que pra mim, agora até o amor entrou na política de troca.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Travesseiro


E aquele pensamento tomou conta da noite. Era tão forte e tão incontrolável que lhe arrepiavam os pelos da nuca a cada cinco segundos. O travesseiro, se falasse, teria dito “acalma-te, mulher!”. Mas não disse. Para tristeza dele, travesseiros não falam. Sua função primordial na cama de uma mulher é essa: ocupar o lugar de quem de fato deveria estar lá, mas não está. E continuou, abraçou, apertou. O coitado. Cada suspiro de lembrança da moça lhe custavam uma pena de ganso a menos para contar a história.


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Eu ainda não descobri de onde eu vim e as pessoas já querem que eu saiba para onde eu vou.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

De todas as torturas psicológicas, esperar é a pior. Não nasci pra esperar. Eu quero, eu vou, eu faço. Depender da boa vontade de qualquer outra pessoa é algo que procuro deixar sempre fora dos meus planos. Evito travar uma briga cada vez que escuto os conselhos católicos da minha avó. Não vou pedir a Deus, nem ter paciência. Eu vou buscar, vou fazer. Claro, aquilo que eu puder. Essas coisas que não dependem de mim é que me incomodam. Aí, sim. O que se há de fazer?

terça-feira, 26 de junho de 2012

Anticipation

JOEY: Why are you telling me this?
WILDER: I’m trying to get you to hate me.
 JOEY: It’s working. So what is the best ending in all of literature? And don’t say Ulysses because everybody says Ulysses.
WILDER: That’s easy. Sentimental Education by Flaubert.
JOEY: What happens?
WILDER: Nothing really. It’s just two old friends sitting around remembering the best thing that never happened to them.
JOEY: How do you remember something that never happened to you?
WILDER: Fondly. You see, Flaubert believed that anticipation was the purest form of pleasure. And the most reliable. And that while the things that actually happened to you would invariably disappoint, the things that never happened to you would never dim, never fade. They’d always be engraved on your heart with sort of a sweet sadness to them.


Dawson's Creek: Season 5, Episode 16 "In a Lonely Place"

domingo, 24 de junho de 2012

Miedo

Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo se amargurar pelo 
que não se fez
Medo de perder a vez.



Disse a Dra Ana Beatriz em Mentes Ansiosas: “O medo é um sentimento universal: todos sentem, e diversos estudos demonstram ser uma emoção primária (inata) do ser humano, necessária para proteção e perpetuação da espécie.”
O livro estava lá, em cima da mesa, ainda com o recibo dentro. E o nome realmente chama a atenção para o poço de ansiedade que vive dentro de mim. Aí eu escuto o Lenine e Julieta listando a imensidão de possibilidades que perdemos por causa da emoção primária, inata a qual a Dra Ana Beatriz tenta nos fazer entender. Eu leio, mas provavelmente nunca vai ficar totalmente claro para mim.
Ela explica que “as respostas físicas e mentais ao medo eram tão essenciais para a sobrevivência de nossos antepassados primitivos que permanecem de forma intensa e muito poderosa até os dias atuais.” Eu não tenho problema do meu medo de atravessar a rua, ou de entrar em um lugar escuro, pelo contrario, acho bastante útil, como ela mesma disse no livro. Esse medo eu mantenho, até alimento se for preciso. O medo de que o Lenine fala é que me incomoda. Esse que faz a gente empacar entre uma decisão e outra. Entre o fazer ou não fazer. Diante da possibilidade de que algo não aconteça amanha, se hoje você não fizer aquilo. Quer dizer, como nossa mente pode ter medo de algo que nunca vivenciou antes?
Afinal, os seres mais evoluídos não deveria temer menos ou eu entendi todo o processo errado? Assumir os riscos por conta própria e ter capacidade de lidar com as consequências sem nenhuma sequela grave. Não, não é isso? Tudo bem, então. Acho que vou ler mais um pouco. Ou viver mais um pouco. Quem sabe um dia eu entenda melhor.
Então, me dia, quantas vidas você tem?

terça-feira, 19 de junho de 2012


Meia-noite, meia-lua, meia-luz. A noite tem um quê de mistério e curiosidade. Ela dá vez a quem merece: a lua e as estrelas que se destacam quando o sol se esconde. O toque e o cheiro se sobrepõe à visão, um sentido aguça com o baixar das luzes e a silhueta sobressai no meio da escuridão. A noite tem um quê de incerto, de imperfeito e de ilusão. Uma linha tênue entre sonho e realidade; verdade e mentira; dúvida e certeza; entre sim e entre não. 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Terapia


É só chegar e começar a falar. Mais falar sobre o quê? O que ela quer saber? Quarenta minutos é muito pouco pra contar a minha vida inteira. Quarenta minutos é muito pouco para contar, se quer, os últimos cinco anos da minha vida. Talvez seja um bom caminho começar tentando explicar por que eu vim até aqui e por que eu passei esse tempo todo protelando essa consulta. Passei anos inventando desculpas. Todas pra mim mesma, pra mais ninguém. Faltava tempo. Primeiro o colégio, depois o vestibular, a faculdade, o estágio e em breve seria a monografia. Desculpas, desculpas. A verdade é que, na minha cabeça, pagar para alguém me ouvir falando da minha vida não fazia sentido. Eu tenho amigos, não sou uma pessoa antissocial. E eu os alugo bastante, diga-se de passagem. Na pior das hipóteses eu poderia marcar uma hora na frente do espelho e resolver meu problema (ok, aí sim eu teria um bom motivo para me consultar).  Eu não desmereço o trabalho do psicólogo, longe de mim. Quem tem casos de depressão e esquizofrenia na família sabe bem o valor que tem esse profissional. Só não achava que um dia, eu precisaria dele para colocar minhas ideias no lugar. Pra mim, o grande trunfo do psicólogo é a imparcialidade. A mesma que os jornalistas deveriam ter quando produzem suas matérias tendenciosas e colocam a ideia pronta na cabeça do telespectador. O psicólogo não conhece você, não é apaixonado por você, não morou com você e não faz parte da sua vida, a não ser durante os quarenta minutos dentro daquela salinha. Com ele, você vai colocar os pensamentos na mesa e ele vai ajudar a organizá-los, simples assim. Tudo bem, não tão simples assim. Entre Jung e Freud, há muito mais do que minha mente de publicitária poderia entender no momento. O fato é que, com as técnicas, teorias e imparcialidade, ele [o psicólogo] consegue fazer com que entendamos o que se passa na nossa cabeça e descomplica esse mundo que tantas vezes parece um grande embaralhado de ideias e problemas.  E na minha primeira experiência de auto-conhecimento-insano-psicológico, a conclusão foi: eu não preciso largar uma oportunidade definitivamente para aproveitar as outras que estão passando por mim. A vida não é tão exata assim. Eu era quem menos deveria pensar desse jeito. Nada é definitivo, nem minhas opiniões, quem dirá os próximos três anos da minha vida. É, e eu precisei de quarenta minutos e um ouvinte imparcial para chegar até aí. Palmas para mim! Ironias à parte, tem sido bastante proveitoso. Quem sabe na próxima sessão eu descubra algum sentimento ou desejo guardado no obscuro do meu subconsciente que se manifesta nos meus sonhos sem eu saber.
Eu gosto disso, do movimento, da fluidez dos acontecimentos. Uma vida parada me dá vontade de descer e pegar uma carona para a próxima fase.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O Silêncio das Estrelas

"Pode parecer estranho, mas quando olhamos para as estrelas, estamos vendo o passado delas"

   Lembrou da aula de história da quinta série em que o professor explicou que, no tempo, só existe o passado.  Realmente, fazia sentido. Passou tanto tempo tentando planejar o futuro e tinha sensação de que ele nunca chegava. O presente escorria-lhe pelas mãos como a água do mar que tentava carregar da beira até a areia seca na praia. Por mais que segurasse com todo cuidado, quando chegava no destino, as mão já estavam vazias. Deu-se conta dos bons momentos que não cansava de reviver, rever fotos e recontar nas conversas de família reunida no domingo. O passado era seu presente e seu futuro juntos. Tudo que vivera, cada tombo e festa de aniversário, namoro, briga, perda, porre, vestibular, mudança, tudo do passado, era ela no presente e seria ela no futuro. Se eles existissem. O passado dela eram suas próprias estrelas que emitiam luzes para quem a conhecesse. Assim, tentou deixar a ilusão de futuro de lado, viver cada instante de presente que conseguisse e apreciar o que passou, que, agora, parecia ser a maior parte do que importava.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Eu queria ser tantas coisas na vida que não sei se o tempo seria suficiente ou se existem cursos e profissões para todas as rotinas que já imaginei pra mim. Deve ser o mal da nossa geração. Essa coisa que faz a gente começar a ler um texto na internet e terminar em outro completamente diferente. Talvez eu escreva algo sobre isso. Ou sobre qualquer outra coisa que não tenha absolutamente nada a ver com isso.

domingo, 20 de maio de 2012

Castelo de felicidade

     Esse amor não existe. É tão fictício quanto o casal da novela das 21h que ela assiste enquanto espera ele voltar pra casa. Os dedos que ele deixou marcados nos braços dela, dera um jeito de disfarçar com uma blusa de manga mais comprida. Mas as ofensas não paravam de latejar na memória. Mais ainda que as feridas espalhadas pelo corpo. 

     É difícil encarar e entender uma situação dessa, aconteça ela por perto ou não. Parece irreal. Vai contra as leis da minha lógica, uma mulher se construir por trás do homem que acha que ama. Pior ainda de alguém que faz questão de diminuí-la. Dependência financeira me deprime, dependência emocional me preocupa. Tantas mulheres bem sucedidas se veem presas a alguém, depositando sua felicidade em um relacionamento que Deus-sabe-por-quê ela acredita que deve manter. Nem precisa chegar ao extremo das agressões físicas. Se eles não se divertem mais juntos, o sexo não dá mais prazer, ELA NÃO GOSTA MAIS DELE. Pronto. Junte suas calcinhas, cate sua escova de dentes e vá atrás de algo que a faça bem. E esse algo não precisa ser outra pessoa. 
     Quem foi que determinou que as boas experiências e os momentos felizes devem estar guardados em qualquer outro que não você? Eu não sou completamente defensora da ideia de que a felicidade só depende de nós. Pode-se dizer até que sou o próprio retrato da romântica crônica. Boa parte dos momentos inesquecíveis vivemos ao lado de quem gostamos. Sejam amigos, família ou o "amor das nossas vidas". O problema é quando isso vira regra.
     O tempo de se descobrir por conta própria e tão valioso quanto os relacionamentos que construímos fora do nosso próprio castelo. E é esse castelo construído internamente que conquista. Cativa quem passa por perto e desperta a curiosidade de quem está do lado de fora. Faz com que queiram entrar. E isso é bom, visitas são sempre bem vindas. Umas ficam mais, outras menos. Algumas praticamente pedimos que se retirem, outras choramos quando partem. O que interessa é que, quando elas forem embora, a construção se mantenha de pé e que, lá dentro, possamos passar um tempo sozinhos, felizes, até que a campainha toque de novo. Ou que não toque. Não vai fazer diferença, há tanto que se fazer, tantas coisas novas para acrescentar ao lugar. É provável que nem se veja o tempo passar.






"Você está errado se acha que a alegria emana somente ou principalmente das relações humanas. Deus a distribuiu em toda a nossa volta. Está em tudo e em qualquer coisa que possamos experimentar. Só temos que ter a coragem de dar as costas para nosso estilo de vida habitual e nos comprometer com um modo de viver não convencional."
                                              
Chris McCandless - Na natureza selvagem.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Um nome para minha filha


Julieta é um bonito nome pra se dar a uma filha, não é? 
Um pouco pesado, eu confesso. Carrega nele a história de amor trágico. Eu acredito que o nome pode dizer muito da personalidade de uma pessoa, ou pelo menos, influenciar na formação dela. Acho que se minha filha se chamasse Julieta, seria amante do drama, atriz provavelmente. Ou então poetisa, ou dançarina. Amaria muito. E muitos. De todas as formas possíveis. A maioria delas à beira do palco, em meios às coxias. Ou entre livros e saraus pelas cidades. Cada amor, uma obra-prima. Julieta. Eu gosto de Julieta. Mas Julieta ia sofrer. Mal daqueles que amam demais. E ela ia amar mais, talvez tentando compensar o amor  que sua homônima  não pôde viver pela vida inteira. Em vida ela amaria, como poderia e como não poderia.  E Julieta soa forte. Suficientemente para que ela trace seu próprio destino. Sem que as paixões definam na sua vida a obrigação de um felizes para sempre ou um final shakespeariano. Nada além de uma bela trajetória e boa histórias para contar aos netos. Julieta vai ser linda, apaixonantemente linda. Cativante, altiva, poderosa, arrasadora dos corações pelos quais se apaixonará. Mas ainda daqueles que desprezar. 

Julieta é um bom nome. É, eu gosto de Julieta.





P.s.: quando terminei de ler este post, vi que parecia o relato de uma mãe que busca nos livros de nomes de bebê o que mais se encaixaria no filho que está por vir. 
Eu ri. 

domingo, 6 de maio de 2012

Interessante


Tem esse trecho de um texto do Pedro Bial que se repete incessantemente na minha cabeça. Da época em que ele ainda não apresentava o BBB e eu o respeitava como ser pensante:

“Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos 22, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem. ”

Ok, eu não me sinto menos interessante por, de repente, não ter nenhum objetivo (que me pareça motivador) pra alcançar. Talvez até soe meio entediante sempre definir meus esforços maiores em uma coisa e, sequenciadamente, conquistar à definir outra à conquistar... Foi assim desde os 12 anos, quando decidi que queria ser titular do time de vôlei da escola. E assim foi: entrar na UnB, fazer parte de uma empresa júnior, publicar um artigo, trabalhar na empresa X. 
Eu consigo, e pronto. E agora? A vida perde a graça? Eu preciso traçar outro plano, bolar novas estratégias? Mas, e quando se acabam os planos? Ou quando você simplesmente não sabe que próxima meta definir? Passo a ser a pessoa excêntrica e interessante de quem o Pedro falou?
Talvez seja isso mesmo. Talvez eu só queira passar o dia desenhando na grama do parque da cidade e escrever alguns textos de vez em quando. Conversar com pessoas aleatórias e perguntar o que elas esperam da vida. Trancar a faculdade e  fazer uma viagem de carro pelo litoral nordestino, parando de praia em praia e tirando foto dos pores do sol. Que pessoa interessante eu seria!
Talvez só para o Pedro. Eu ainda não tenho filhos, mas meus tios com os seus filhos diplomados e concursados seriam os primeiros a me apontar o dedo. Minha vó me arrumaria tratamento psicológico e meus pais cortariam a pensão com o discurso de que eu “Deveria arrumar um emprego que pagasse, ao menos, meus absorventes”.
A imagem de uma pessoa bem sucedida com um diploma debaixo do braço e um carro do ano na garagem ainda está bem nítido e forte no imaginário deles. E no meu também.

Ser interessante assim sozinho, deve ser bem difícil, afinal....



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tem faltado tempero.



Era estranha a sexta em que o telefone de casa não tocava com ela do outro lado da linha repassando a programação do final de semana. E assim foram os dois anos e meio ao lado da Laís. Os dias em que eu dizia estar desanimada, sem querer sair de casa, o discurso de prontidão era: “Amiga, a gente tem que aproveitar as oportunidades que a vida nos dá.” Ela não falava só das festas, ela era intensa em tudo. Fizemos um mês de dança de salão juntas (assim como a academia, o Projete, a Facto, a Dois, os trabalhos da faculdade, tudo), ela cansava os professores do tanto que perguntava. “Nossa, Laís. Outro passo? você não cansa não?” Não, ela nunca cansava. Queria tudo que podia. Podia tudo que queria.
“Ela balança, mas não para!” O Funk agora soa melancólico nos meus ouvidos. A batida dentro do Escort vermelho já de manhã cedo no caminho da faculdade. A mesma batida que dançamos na última festa. Aquela em que todo mundo riu, aquela que você tanto programou, decorou e dançou, dançou, dançou. Balançava e não parava. Falava com todo mundo. E dançava, dançava.
A menina que, no meio da Brasília seca e fria, acolheu a nordestina carente de atenção. Que me apresentou metade das pessoas que eu conheço hoje. Que tanto fez e foi conhecer o calor do meu carnaval pernambucano. E fez todo mundo comentar, de Brasília a Recife, “Animada essa sua amiga, né?”. Eles não tinham visto nada. A menina do Escort, como era conhecida aqui em casa, tinha garra, tinha força. Ai de quem mexesse com ela. Pimenta no nome, Pimenta no sangue. Leonina roxa.
Foram 21 anos bem vividos, se é que qualquer coisa possa justificar essa partida repentina. Foi intenso demais, forte demais. Como tudo sempre foi em você. Dói. Bem mais do que quando você disse que ia pro Rio e eu fiz cara feia. Dói de um jeito que só Laís Pimenta traduziria. Vai com Deus, amiga. Faz tua entrada triunfal aí no céu, dá uma sacudida no lugar e faz tudo ficar  “daquele jeito!”.


3 de janeiro, um mês sem Lais Pimenta.