terça-feira, 22 de maio de 2012

Eu queria ser tantas coisas na vida que não sei se o tempo seria suficiente ou se existem cursos e profissões para todas as rotinas que já imaginei pra mim. Deve ser o mal da nossa geração. Essa coisa que faz a gente começar a ler um texto na internet e terminar em outro completamente diferente. Talvez eu escreva algo sobre isso. Ou sobre qualquer outra coisa que não tenha absolutamente nada a ver com isso.

domingo, 20 de maio de 2012

Castelo de felicidade

     Esse amor não existe. É tão fictício quanto o casal da novela das 21h que ela assiste enquanto espera ele voltar pra casa. Os dedos que ele deixou marcados nos braços dela, dera um jeito de disfarçar com uma blusa de manga mais comprida. Mas as ofensas não paravam de latejar na memória. Mais ainda que as feridas espalhadas pelo corpo. 

     É difícil encarar e entender uma situação dessa, aconteça ela por perto ou não. Parece irreal. Vai contra as leis da minha lógica, uma mulher se construir por trás do homem que acha que ama. Pior ainda de alguém que faz questão de diminuí-la. Dependência financeira me deprime, dependência emocional me preocupa. Tantas mulheres bem sucedidas se veem presas a alguém, depositando sua felicidade em um relacionamento que Deus-sabe-por-quê ela acredita que deve manter. Nem precisa chegar ao extremo das agressões físicas. Se eles não se divertem mais juntos, o sexo não dá mais prazer, ELA NÃO GOSTA MAIS DELE. Pronto. Junte suas calcinhas, cate sua escova de dentes e vá atrás de algo que a faça bem. E esse algo não precisa ser outra pessoa. 
     Quem foi que determinou que as boas experiências e os momentos felizes devem estar guardados em qualquer outro que não você? Eu não sou completamente defensora da ideia de que a felicidade só depende de nós. Pode-se dizer até que sou o próprio retrato da romântica crônica. Boa parte dos momentos inesquecíveis vivemos ao lado de quem gostamos. Sejam amigos, família ou o "amor das nossas vidas". O problema é quando isso vira regra.
     O tempo de se descobrir por conta própria e tão valioso quanto os relacionamentos que construímos fora do nosso próprio castelo. E é esse castelo construído internamente que conquista. Cativa quem passa por perto e desperta a curiosidade de quem está do lado de fora. Faz com que queiram entrar. E isso é bom, visitas são sempre bem vindas. Umas ficam mais, outras menos. Algumas praticamente pedimos que se retirem, outras choramos quando partem. O que interessa é que, quando elas forem embora, a construção se mantenha de pé e que, lá dentro, possamos passar um tempo sozinhos, felizes, até que a campainha toque de novo. Ou que não toque. Não vai fazer diferença, há tanto que se fazer, tantas coisas novas para acrescentar ao lugar. É provável que nem se veja o tempo passar.






"Você está errado se acha que a alegria emana somente ou principalmente das relações humanas. Deus a distribuiu em toda a nossa volta. Está em tudo e em qualquer coisa que possamos experimentar. Só temos que ter a coragem de dar as costas para nosso estilo de vida habitual e nos comprometer com um modo de viver não convencional."
                                              
Chris McCandless - Na natureza selvagem.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Um nome para minha filha


Julieta é um bonito nome pra se dar a uma filha, não é? 
Um pouco pesado, eu confesso. Carrega nele a história de amor trágico. Eu acredito que o nome pode dizer muito da personalidade de uma pessoa, ou pelo menos, influenciar na formação dela. Acho que se minha filha se chamasse Julieta, seria amante do drama, atriz provavelmente. Ou então poetisa, ou dançarina. Amaria muito. E muitos. De todas as formas possíveis. A maioria delas à beira do palco, em meios às coxias. Ou entre livros e saraus pelas cidades. Cada amor, uma obra-prima. Julieta. Eu gosto de Julieta. Mas Julieta ia sofrer. Mal daqueles que amam demais. E ela ia amar mais, talvez tentando compensar o amor  que sua homônima  não pôde viver pela vida inteira. Em vida ela amaria, como poderia e como não poderia.  E Julieta soa forte. Suficientemente para que ela trace seu próprio destino. Sem que as paixões definam na sua vida a obrigação de um felizes para sempre ou um final shakespeariano. Nada além de uma bela trajetória e boa histórias para contar aos netos. Julieta vai ser linda, apaixonantemente linda. Cativante, altiva, poderosa, arrasadora dos corações pelos quais se apaixonará. Mas ainda daqueles que desprezar. 

Julieta é um bom nome. É, eu gosto de Julieta.





P.s.: quando terminei de ler este post, vi que parecia o relato de uma mãe que busca nos livros de nomes de bebê o que mais se encaixaria no filho que está por vir. 
Eu ri. 

domingo, 6 de maio de 2012

Interessante


Tem esse trecho de um texto do Pedro Bial que se repete incessantemente na minha cabeça. Da época em que ele ainda não apresentava o BBB e eu o respeitava como ser pensante:

“Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos 22, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem. ”

Ok, eu não me sinto menos interessante por, de repente, não ter nenhum objetivo (que me pareça motivador) pra alcançar. Talvez até soe meio entediante sempre definir meus esforços maiores em uma coisa e, sequenciadamente, conquistar à definir outra à conquistar... Foi assim desde os 12 anos, quando decidi que queria ser titular do time de vôlei da escola. E assim foi: entrar na UnB, fazer parte de uma empresa júnior, publicar um artigo, trabalhar na empresa X. 
Eu consigo, e pronto. E agora? A vida perde a graça? Eu preciso traçar outro plano, bolar novas estratégias? Mas, e quando se acabam os planos? Ou quando você simplesmente não sabe que próxima meta definir? Passo a ser a pessoa excêntrica e interessante de quem o Pedro falou?
Talvez seja isso mesmo. Talvez eu só queira passar o dia desenhando na grama do parque da cidade e escrever alguns textos de vez em quando. Conversar com pessoas aleatórias e perguntar o que elas esperam da vida. Trancar a faculdade e  fazer uma viagem de carro pelo litoral nordestino, parando de praia em praia e tirando foto dos pores do sol. Que pessoa interessante eu seria!
Talvez só para o Pedro. Eu ainda não tenho filhos, mas meus tios com os seus filhos diplomados e concursados seriam os primeiros a me apontar o dedo. Minha vó me arrumaria tratamento psicológico e meus pais cortariam a pensão com o discurso de que eu “Deveria arrumar um emprego que pagasse, ao menos, meus absorventes”.
A imagem de uma pessoa bem sucedida com um diploma debaixo do braço e um carro do ano na garagem ainda está bem nítido e forte no imaginário deles. E no meu também.

Ser interessante assim sozinho, deve ser bem difícil, afinal....