segunda-feira, 26 de julho de 2010

E se eu não souber mais rezar?


     É como toda aquela história que eu criava quando brincava de casinha. Acreditava que era a mãe dedicada e que meu filho doente seria curado pela competente doutora (às vezes minha irmã, outras minha prima). Era tudo tão real e eu depositava minha energia naquilo. Como na oração com as mãos fortemente grudadas: “Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador...” E a certeza de que aquelas palavras deixariam longe os monstros dos meus sonhos. Mas e se eu não souber mais rezar? Se aquela fé inocente e sem questionamentos não existir mais, como atender a esses sinais que me empurram de volta para uma fé há tanto tempo deixada pra trás? Uma crença abalada por imposições, aulas de história e dúvidas da idade; por caminhos adversos e críticas fortemente construídas para negar as missas de domingo com minha avó. Deixar de lado todos esses pensamentos e mergulhar de cabeça e olhos fechados de volta nesse mundo? Acho pouco provável da minha parte. “É o seu Deus, Mi” a Iasminny me falou esses dias. O meu? Se ele tem me olhando esse tempo todo, deve estar irrequieto sentando em sua cadeira, bolando estratégias mirabolantes para me chamar pra uma conversa séria. Deve ter muito a me falar. Talvez eu não saiba mais rezar, mas uma boa discussão com Ele, com certeza renderá.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Rito do matrimônio.

"(...) recebo-te por minha esposa a ti N., e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida."

     Prometo namorar-te por 8 ou 10 anos, seremos felizes nesse meio tempo. Prometo-te descobrirmo-nos juntos, nossas fraquezas, nossas forças e nossos defeitos. Prometo sim ser-te fiel, trocaremos alianças de compromisso, "namorandos" no orkut, e presentes criativos nos dias dos namorados e aniversários de namoro. Conhecerás minha família e dela tornar-te-ás parte. Apresentar-te-ei a meus amigos e juntos sairemos. Brigaremos por vezes, mas logo faremos as pazes. Pedir-te-ei em casamento, noivaremos. Prometo-te uma linda festa com belos álbuns e vídeos de recordação. Com declarações e homenagens inovadoras, publicaremos o nosso amor onde todos tomem dele conhecimento.  E prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida. Ou enquanto eu não descubra teus defeitos na convivência e com eles não saiba lidar, nosso amor e nosso sexo caiam na rotina e eu busque novidades fora de casa, eu sinta falta da saudade que sentíamos quando morávamos separados, meus momentos sozinho cheguem ao fim e eu não tenha nenhum momento de privacidade durante o casamento, nosso filhos tenham crescido e eu descubra que a única coisa que ainda nos mantinha juntos era a obrigação de criá-los dentro de uma família "normal".


Talvez eu queime minha língua com esse súbito de racionalismo mórbido. Mas ,infelizmente, é a conclusão a que as separações que me rodeia me fazem chegar.

domingo, 18 de julho de 2010

Nordestinos, Brasília e o trabalho de fotografia.

     Contraditóriamente, a música é do Móveis coloniais de Acaju, grupo fantástico daqui de Brasília que eu descobri depois que eu entrei na UnB.




     O video da Nicole que me fez ter esse súbito de postar mais um podcast, tornando-se dois em menos de 3 dias. Como a minha vergonha é maior que a dela, eu continuo na experiencia do podcast mesmo, minha carinha na câmera, por agora, não.

E o link de denúncia de uma das Comunidades estúpidas contra os nordestinos.

sábado, 17 de julho de 2010

Você não é daqui, né?

"Meu sotaque que me inibe."
Música:
Todas elas juntas num só ser. Lenine






O que eu não comentei: Meu sotaque pode ser a medida do meu grau de intimidade ou da raiva que estou sentindo no momento. É assim, a minha raiva é diretamente proporcional à intensidade do meu sotaque, ou seja, quanto mais "arretada" na voz, mais "arretada" em todo o resto.
;)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O que me espera nos próximos 20?


20 anos, duas décadas, 10 biênios, 240 meses ou como queiram. Segundo a língua inglesa deixo então a teenage. I have no teen anymore. Deixo a dita conflituosa adolescência para adentrar a vida adulta. Embora, forçadamente, tenha sido obrigada a traçar meu próprio destino e a ditar minha própria vontade um pouco mais cedo que isso. Que comece então o medo da idade, a busca por emprego, a poupança para compra do primeiro carro, o casamento dos amigos e o apadrinhamento dos seus filhos. Mas e o que ficou pra trás? Teria eu historia suficiente pra contar ao longo desses 20 anos? Acreditei em papai Noel, desci de tobogã, dancei em frente a platéia, fui campeã escolar pernambucana, fui expulsa de equipe, fui campeã na equipe rival. Fui perseguida virtualmente, me apaixonei e fui rejeitada, amei e também fui amada. Fiz amigos a cada ano, perdi alguns pelo caminho. Vi meus pais brigarem durante anos e finalmente se separarem. Deixei a cidade onde morei 16 anos, odiei Brasília, gostei de Brasília, não queiro mais sair de Brasília (por agora). Tive minha formatura do 3º ano cancelada, mudei de curso uma semana antes do vestibular, passei pra Publicidade na UnB. Tomei meu primeiro porre e fiz algumas besteiras. Não escrevi um livro, não plantei uma arvore, e não tive um filho. Mas foram só 20 anos, o que me espera nos próximos 20?

Dia 11 de julho de 2010 completo 20 anos nesse mundo louco.