terça-feira, 26 de junho de 2012

Anticipation

JOEY: Why are you telling me this?
WILDER: I’m trying to get you to hate me.
 JOEY: It’s working. So what is the best ending in all of literature? And don’t say Ulysses because everybody says Ulysses.
WILDER: That’s easy. Sentimental Education by Flaubert.
JOEY: What happens?
WILDER: Nothing really. It’s just two old friends sitting around remembering the best thing that never happened to them.
JOEY: How do you remember something that never happened to you?
WILDER: Fondly. You see, Flaubert believed that anticipation was the purest form of pleasure. And the most reliable. And that while the things that actually happened to you would invariably disappoint, the things that never happened to you would never dim, never fade. They’d always be engraved on your heart with sort of a sweet sadness to them.


Dawson's Creek: Season 5, Episode 16 "In a Lonely Place"

domingo, 24 de junho de 2012

Miedo

Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo se amargurar pelo 
que não se fez
Medo de perder a vez.



Disse a Dra Ana Beatriz em Mentes Ansiosas: “O medo é um sentimento universal: todos sentem, e diversos estudos demonstram ser uma emoção primária (inata) do ser humano, necessária para proteção e perpetuação da espécie.”
O livro estava lá, em cima da mesa, ainda com o recibo dentro. E o nome realmente chama a atenção para o poço de ansiedade que vive dentro de mim. Aí eu escuto o Lenine e Julieta listando a imensidão de possibilidades que perdemos por causa da emoção primária, inata a qual a Dra Ana Beatriz tenta nos fazer entender. Eu leio, mas provavelmente nunca vai ficar totalmente claro para mim.
Ela explica que “as respostas físicas e mentais ao medo eram tão essenciais para a sobrevivência de nossos antepassados primitivos que permanecem de forma intensa e muito poderosa até os dias atuais.” Eu não tenho problema do meu medo de atravessar a rua, ou de entrar em um lugar escuro, pelo contrario, acho bastante útil, como ela mesma disse no livro. Esse medo eu mantenho, até alimento se for preciso. O medo de que o Lenine fala é que me incomoda. Esse que faz a gente empacar entre uma decisão e outra. Entre o fazer ou não fazer. Diante da possibilidade de que algo não aconteça amanha, se hoje você não fizer aquilo. Quer dizer, como nossa mente pode ter medo de algo que nunca vivenciou antes?
Afinal, os seres mais evoluídos não deveria temer menos ou eu entendi todo o processo errado? Assumir os riscos por conta própria e ter capacidade de lidar com as consequências sem nenhuma sequela grave. Não, não é isso? Tudo bem, então. Acho que vou ler mais um pouco. Ou viver mais um pouco. Quem sabe um dia eu entenda melhor.
Então, me dia, quantas vidas você tem?

terça-feira, 19 de junho de 2012


Meia-noite, meia-lua, meia-luz. A noite tem um quê de mistério e curiosidade. Ela dá vez a quem merece: a lua e as estrelas que se destacam quando o sol se esconde. O toque e o cheiro se sobrepõe à visão, um sentido aguça com o baixar das luzes e a silhueta sobressai no meio da escuridão. A noite tem um quê de incerto, de imperfeito e de ilusão. Uma linha tênue entre sonho e realidade; verdade e mentira; dúvida e certeza; entre sim e entre não. 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Terapia


É só chegar e começar a falar. Mais falar sobre o quê? O que ela quer saber? Quarenta minutos é muito pouco pra contar a minha vida inteira. Quarenta minutos é muito pouco para contar, se quer, os últimos cinco anos da minha vida. Talvez seja um bom caminho começar tentando explicar por que eu vim até aqui e por que eu passei esse tempo todo protelando essa consulta. Passei anos inventando desculpas. Todas pra mim mesma, pra mais ninguém. Faltava tempo. Primeiro o colégio, depois o vestibular, a faculdade, o estágio e em breve seria a monografia. Desculpas, desculpas. A verdade é que, na minha cabeça, pagar para alguém me ouvir falando da minha vida não fazia sentido. Eu tenho amigos, não sou uma pessoa antissocial. E eu os alugo bastante, diga-se de passagem. Na pior das hipóteses eu poderia marcar uma hora na frente do espelho e resolver meu problema (ok, aí sim eu teria um bom motivo para me consultar).  Eu não desmereço o trabalho do psicólogo, longe de mim. Quem tem casos de depressão e esquizofrenia na família sabe bem o valor que tem esse profissional. Só não achava que um dia, eu precisaria dele para colocar minhas ideias no lugar. Pra mim, o grande trunfo do psicólogo é a imparcialidade. A mesma que os jornalistas deveriam ter quando produzem suas matérias tendenciosas e colocam a ideia pronta na cabeça do telespectador. O psicólogo não conhece você, não é apaixonado por você, não morou com você e não faz parte da sua vida, a não ser durante os quarenta minutos dentro daquela salinha. Com ele, você vai colocar os pensamentos na mesa e ele vai ajudar a organizá-los, simples assim. Tudo bem, não tão simples assim. Entre Jung e Freud, há muito mais do que minha mente de publicitária poderia entender no momento. O fato é que, com as técnicas, teorias e imparcialidade, ele [o psicólogo] consegue fazer com que entendamos o que se passa na nossa cabeça e descomplica esse mundo que tantas vezes parece um grande embaralhado de ideias e problemas.  E na minha primeira experiência de auto-conhecimento-insano-psicológico, a conclusão foi: eu não preciso largar uma oportunidade definitivamente para aproveitar as outras que estão passando por mim. A vida não é tão exata assim. Eu era quem menos deveria pensar desse jeito. Nada é definitivo, nem minhas opiniões, quem dirá os próximos três anos da minha vida. É, e eu precisei de quarenta minutos e um ouvinte imparcial para chegar até aí. Palmas para mim! Ironias à parte, tem sido bastante proveitoso. Quem sabe na próxima sessão eu descubra algum sentimento ou desejo guardado no obscuro do meu subconsciente que se manifesta nos meus sonhos sem eu saber.
Eu gosto disso, do movimento, da fluidez dos acontecimentos. Uma vida parada me dá vontade de descer e pegar uma carona para a próxima fase.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O Silêncio das Estrelas

"Pode parecer estranho, mas quando olhamos para as estrelas, estamos vendo o passado delas"

   Lembrou da aula de história da quinta série em que o professor explicou que, no tempo, só existe o passado.  Realmente, fazia sentido. Passou tanto tempo tentando planejar o futuro e tinha sensação de que ele nunca chegava. O presente escorria-lhe pelas mãos como a água do mar que tentava carregar da beira até a areia seca na praia. Por mais que segurasse com todo cuidado, quando chegava no destino, as mão já estavam vazias. Deu-se conta dos bons momentos que não cansava de reviver, rever fotos e recontar nas conversas de família reunida no domingo. O passado era seu presente e seu futuro juntos. Tudo que vivera, cada tombo e festa de aniversário, namoro, briga, perda, porre, vestibular, mudança, tudo do passado, era ela no presente e seria ela no futuro. Se eles existissem. O passado dela eram suas próprias estrelas que emitiam luzes para quem a conhecesse. Assim, tentou deixar a ilusão de futuro de lado, viver cada instante de presente que conseguisse e apreciar o que passou, que, agora, parecia ser a maior parte do que importava.