Lembrou da aula de história da quinta série em que o professor explicou que, no tempo, só existe o passado. Realmente, fazia sentido. Passou tanto tempo tentando planejar o futuro e tinha sensação de que ele nunca chegava. O presente escorria-lhe pelas mãos como a água do mar que tentava carregar da beira até a areia seca na praia. Por mais que segurasse com todo cuidado, quando chegava no destino, as mão já estavam vazias. Deu-se conta dos bons momentos que não cansava de reviver, rever fotos e recontar nas conversas de família reunida no domingo. O passado era seu presente e seu futuro juntos. Tudo que vivera, cada tombo e festa de aniversário, namoro, briga, perda, porre, vestibular, mudança, tudo do passado, era ela no presente e seria ela no futuro. Se eles existissem. O passado dela eram suas próprias estrelas que emitiam luzes para quem a conhecesse. Assim, tentou deixar a ilusão de futuro de lado, viver cada instante de presente que conseguisse e apreciar o que passou, que, agora, parecia ser a maior parte do que importava.
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