terça-feira, 2 de março de 2010

Voo de volta.

Era engraçado e difícil de entender. Hoje ela contava os dias e as horas para o dia da viagem de volta. Quando antes, nas primeiras férias voltando àquela cidade, chorava no dia de ir embora, chorava por ter que deixar, mais uma vez, o lugar que vivera seus primeiros dezesseis anos. A cada "volta logo!" se derramava em lágrimas. Hoje não. Hoje fica ansiosa ao pensar em dormir na sua cama, com suas coisas. Por vezes até se sente mal, afinal, possue tantas pessoas queridas alí, por que haveria tanto de querer ir embora? Com o passar dos anos, morando em uma cidade diferente, passou a entender que o conceito de "lar" não se restringia à ideia fechada que ela tinha antes. A capital não tinha praia, calor e nem as pessoas que tanto amava da sua cidade natal; mas tinha um clima diferente ao qual ela se acostumaria e passaria a gostar, tinha pessoas que a acolheriam, tinha amigos que ela faria (e fez). Mas, principalmente, era o lugar para onde o destino a tinha levado, ao qual havia se adaptado e traçado seus objetivos. Era o lugar que estava agora e que sentia ser seu. Mas e a casa da sua mãe? Não deveria também ser sua? Sim, e o era. Mas não completamente. Sabia que estaria aberta sempre que quisesse. Mas como para alguém que cresce e vai para o mundo, o endereço não seria mais que parte de um roteiro de visitas. Ficaria sim à vontade, mas agora por um curto período de tempo. O tempo necessário para voltar à vida que vivera nos últimos anos.

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