"Escutando aquelas palavras, ela percebeu, como que numa epifania, que já tinha feito tudo que podia. Ela tinha ficado lúcida pela primeira vez naqueles cinco dias em que um sentimento que não sabia descrever havia a cegado. Mas não queria chorar, não se sentia vencida pelo cansaço. Ela se sentia com um poder nas mãos que nunca fora capaz de ter. O poder de enxergar o quanto aquela cidade ainda guardava para ela. De ver que aquele não era seu único e maior objetivo naquela viagem. O sol da sua cidade natal brilhava para ela e ela sentia que o lugar abria os braços e a envolvia como uma mãe que acolhe um filho depois de anos sem vê-lo. Tantas pessoas para rever e tantos lugares para visitar. De todos os anos que vivera ali. E as pessoas. As tantas outras pessoas que ela também fora obrigada a deixar para trás contra a sua vontade. Tanto pra conversar, tanto pra fazer. Muito além do pequeno mundo que ela esperava daquelas férias. Levantou-se, tirou a roupa e foi largando-as pela casa vazia. Entrou debaixo da água fria. Enquanto lavava os cabelos, repassava as conclusões a que tinha chegado. Ela não podia julgar ninguém pelos seus sentimentos confusos, assim como não queria ser julgada quando ela própria os sentisse. Só sabia que não havia mais o que fazer. Sabia também que cada palavra, cada gesto, cada telefonema que não fora retornado acrescentava-se a sua pouca experiência com a racionalidade. Saiu do banho, sem chorar, aliviada, com as vistas ainda mais claras. Vestiu-se, trancou as portas e foi para a rua, para o calor daquela capital. Aproveitou o tanto que ainda lhe restava de bom."
A minha personagem aprende e cresce mais a cada dia.
Não imaginei outra pessoa que não a Mirella em recife =)
ResponderExcluirbem obvio assim...
ResponderExcluirNao, Mih.... não foi obvio, eu quase nao notei que era você!
ResponderExcluir*Mas me apaixonei pela personagem...quem sabe na proxima pagina ela nao encontre uma paixão?