Brasília é uma cidade, no mínimo engraçada, pra não dizer hilária. Isso quando tentamos olhar as coisas pelo lado bom da situação. As vésperas do seu aniversário de 50 anos, a cidade beira o caos. A universidade federal de greve por tempo indeterminado. Professores e servidores brigam pela manutenção de uma remuneração que é vigente a anos. Mas, preste atenção, pedem pela
manutenção. Ninguém briga por aumento. A classe que mais deveria ser valorizada na capital e no Brasil, luta pela não retirada de mais de 25% do seu salário.
(E eu em casa ainda tenho que aguentar comentários do tipo "era MUITO melhor que você estivesse numa particular, esses professores da UnB só pensam em dinheiro." AH TÁ! E as faculdades particulares estão pensando única e exclusivamente da boa formação dos seus alunos. Aham, Cláudia. Senta Lá!). O metro, principal conexão com as cidades satélites, depois de uma greve (também), enfrenta crises e descarrilhamentos de trem. Pra não comentar o soco que o pobre do condutor levou de passageiros revoltados ao falar que o trem não sairia por problemas técnicos. Nosso querido ex-governador foi solto, e uma eleição indireta está a caminho para escolha de quem nos regirar até o fim do ano. Sim, meus queridos,
indireta.
Não será o povo que escolherá e sim os mesmos que se envolvem em tantos escândalos nessa cidade fumegante. Bem, talvez pelo menos assim nós nao teremos que engolir o Roriz, que segundo pesquisas, será eleito com louvor pela grande massa popular nas próximas eleições. E em meio esse clima "festivo e alegre" A grande festa dos 50 anos está a caminho. Belas reportagens nos jornais sobre o movimento estudantil, a ditadura dentro da UnB, o rock de Brasília: os gloriosos Paralamas, Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana.
A banda U2, que segundo rumores, estava sendo cotada para a comemoração na esplanada, vejam que irônico, saiu da lista para dar lugar a meia dúzia de duplas sertanejas. Pelo menos isso, já bastam os gastos com os panetones de Arruda para vergonha dessa cidade. Assim eu assumo a postura do poeta que deu entrevista em uma das reportagens que vi por esses dias. Ele vestia uma camisa que dizia "Sou de Brasília, mas sou inocente. Eu juro!". Um orgulho que deveria ser de direito dos brasilienses, não bastasse lhes ser privado ao longo dos anos, vem sendo massacrado prestes ao fechamento de meio século da sua cidade. Pobre Brasília.
''Dizia ele: 'Estou indo pra Brasília
Neste país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar'
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal
'Meu Deus, mas que cidade linda'[...]"
Faroeste Caboclo_Legião Urbana